Quando o Silêncio Fala Mais que as Palavras
Na clínica psicanalítica, o silêncio não é ausência — é presença densa, muitas vezes mais reveladora que qualquer discurso. Diferente do silêncio social, que pode constranger ou indicar desinteresse, o silêncio na análise abre espaço para o inconsciente se manifestar. Ele pode emergir como resistência, defesa, ou como uma pausa necessária para que algo novo se inscreva na fala do sujeito.
Muitos pacientes, especialmente no início do processo, se angustiam com o silêncio do analista. “Você não vai dizer nada?” é uma pergunta frequente. Mas é justamente nessa suspensão da resposta que a escuta se intensifica. O silêncio, nesse contexto, é um convite ao sujeito: fale, escute-se, atravesse.
É preciso tempo para entender que o silêncio na psicanálise não é vazio — é campo fértil. É nele que brotam os lapsos, os esquecimentos, as repetições... rastros do inconsciente que, aos poucos, ganham forma e sentido no discurso.
Na análise, o silêncio não é falta. É presença ativa.